Centenas de cidadãs e cidadãos de Balneário Camboriú e arredores têm ocupado as poltronas estofadas do Teatro Municipal Bruno Nitz desde a sua inauguração, em 2014, para ouvir concertos de música erudita – ou clássica. Público que se manifesta em mensagens nas redes sociais, e-mails e ligações telefônicas em busca de informações sobre este tipo de programação. A formação de público para este segmento musical está numa fase crescente, num processo de fidelização que tem seus esforços traduzidos na diversificação dos eventos culturais proposta pela Fundação Cultural (FCBC) e em esforços pessoais de gente como o músico Marcos Pablo Dalmacio (foto). Nascido na Argentina, o músico está há 11 anos no Brasil. Entre seus títulos está o de mestre em música pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), na área da musicologia, com a dissertação “A sonata para guitarra na Viena de Beethoven e Schubert”. Também é professor de violão pelo Conservatório Isaías Orbe de Tandil e professor superior de violão pelo Conservatório Luis Gianneo de Mar del Plata, ambos da província de Buenos Aires. Foi contemplado com diversas bolsas de estudos para cursos de violão, violino e fenomenologia da música, para aperfeiçoamento em música antiga com Miguel de Olaso, a bolsa CAPES (Brasil) durante a pós-graduação, e uma bolsa da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha, 2013) para participar como violonista nos cursos internacionais de música. “Sem incentivo é difícil…” Cidadão local com projetos contemplados pela Lei Municipal de Incentivo e Fomento à Cultura (LIC/BC) para circulação de concertos e gravação de CD, Marcos comemora a evolução deste público e faz o seu raciocínio sobre este fenômeno em Balneário Camboriú. Para ele, a pedra fundamental disso tudo foi a inauguração do Teatro Municipal, sem esquecer de registrar apoios importantes como o da Igreja Luterana – que sempre abriu suas portas para a música erudita – , da Galeria de Vidro da Biblioteca Municipal Machado de Assis e outros espaços como escolas de música e cafés musicais. “Sem incentivo é muito difícil esse segmento musical seguir no ritmo em que está, pois dependemos da locação de espaços, embora haja apoio como o da Igreja Luterana, da Simili e da Fundação de modo geral, fora a LIC”, explica Marcos. Entre os eventos dos quais tem participado, o músico destaca os concertos individuais ou em duplas e grupos, a vinda da Camerata Florianópolis, da Orquestra de Cordas da Ilha, do Polyphonia Korus, o Festival de Violão com professores e alunos da Paraíba, Mato Grosso, Goiás e Brasília, com direito à canja de pianista e violonista americanos no Teatro Municipal. “Existe uma tendência a se menosprezar os investimentos feitos pelo poder público na música clássica, com a falsa ideia de que é elitista e, por consequência, que o público é sempre pequeno. Isso não é verdade. Mais elitista é pagar R$ 150 para entrar numa rave com um DJ internacional do que ir a um concerto gratuito”, pondera. “É comum que se paguem cachês de R$ 80 mil/R$ 100 mil para grupos e cantores populares que não têm nem segundo grau, tampouco são gênios da música. Então eu pergunto: quem é elitista?”, acrescenta. “A música clássica não é uma moda, é universal; não é entretenimento, é de formação. Aqui em Balneário Camboriú vivemos um momento musical auspicioso, democrático e acredito que este é o caminho certo a ser seguido. Espero que a política pública de cultura siga com este propósito, independentemente de governo ou partido”, completa o professor.
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